A depressão afeta 31% dos jovens e adolescentes em Portugal, sendo que, destes, quase 19% têm sintomas moderados ou graves e 10% correm risco elevado de ter comportamentos suicidários. Os dados, apurados num estudo conduzido em 2020 pela Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, colocam o nosso País num patamar superior à média dos países analisados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). De acordo com a estimativa da OMS, 20% das crianças e adolescentes têm, pelo menos, uma perturbação mental.
No Algarve, o facto de o volume de emprego ter um carácter sazonal, devido à importância do turismo para a criação de postos de trabalho, tende a acentuar o problema. "Mais ainda do que as políticas de saúde, é fundamental olhar para a legislação laboral", clama Pedro Dias, pedopsiquiatra no Hospital de Faro. "São muitos os pais que têm um, dois ou mesmo três empregos para poderem sustentar a família. Ora, isso não lhes permite estar com os filhos, o que tem óbvias consequências para o bem-estar mental das crianças".
Maria do Carmo, diretora do serviço de Psiquiatria no Hospital de Portimão, concorda. "A seguir ao Alentejo, somos a região com números mais elevados de suicídio. O desemprego é uma alavanca para a depressão, e sabemos que esta, nos casos mais graves, pode acabar em suicídio".